Resultados da busca
132 resultados encontrados com uma busca vazia
Posts do blog (87)
- “Chega de chacina, polícia na favela, Israel na Palestina!”
Este era o grito no protesto no Rio de Janeiro, dia 31 de outubro. Fotos e vídeos de Fabio Teixeira, 31 de outubro de 2025, no Rio de Janeiro. Dia 28 de outubro de 2025, o Rio de Janeiro se transformou numa zona de guerra . Uma megaoperação das forças de segurança do estado do Rio, envolvendo cerca de 2.500 policiais, foi deflagrada contra a facção criminosa Comando Vermelho . Pelo menos 132 pessoas foram mortas, tornando a operação policial a mais letal da história da cidade. Na madrugada do dia 29, mais de cinquenta corpos foram carregados por moradores e dispostos em uma praça pública no Complexo da Penha, para que os familiares pudessem tentar identificá-los – sem qualquer apoio do Estado. Muitos dos mortos chegaram apenas de cueca, anônimos. O protesto No dia 31 de outubro, um protesto pela paz reuniu moradores das favelas, jovens, familiares das vítimas, ativistas e defensores dos direitos humanos. A energia era urgente e intensa – faixas pedindo o fim do massacre, a identificação das vítimas e justiça para as favelas tremulavam ao vento. Mães e pais se sentavam nas calçadas, chorando, em silêncio, com a cabeça baixa. O trauma coletivo era palpável. As pessoas no Rio e nas comunidades vizinhas falam de choque e luto, mas também de raiva e determinação. O protesto foi uma declaração de que o governo não sairá impune dessa brutalidade. Exigiremos nomes, identificação e apoio jurídico para as famílias. Porque sem isso, não há justiça, apenas apagamento. O massacre expôs a forma como o Estado trata os corpos (e as vidas) de homens, em sua maioria jovens, negros e de baixa renda, moradores das favelas. Após a operação, autoridades governamentais a declararam um sucesso, mas os moradores percebem que essa estratégia assassina de operações policiais, que já dura décadas e que claramente só aumenta o número de vítimas, ainda não apresentou resultados. E nunca apresentará resultados no combate ao crime organizado, porque não aborda a raiz do problema: a subjugação sistêmica dos moradores das favelas e o racismo institucionalizado. Tudo o que faz é satisfazer uma ideologia supremacista e sanguinária de limpeza étnica e extermínio de um contingente da população que não é útil para a manutenção do sistema capitalista. Essas pessoas mortas são seres humanos e merecem dignidade, humanidade e direitos. De acordo com direitos humanos internacionais, o Estado tem o dever de identificar as vítimas, notificar as famílias, fornecer apoio jurídico e psicossocial e, o mais importante, conduzir uma investigação independente. Essas obrigações não são opcionais e ainda não foram cumpridas. A ausência dessa resposta, a falha em identificar adequadamente os mortos e o tratamento vergonhoso da situação como "bandido bom é bandido morto" sinalizam violência institucional em níveis sem precedentes. Sejamos claros: mesmo que todas as pessoas mortas nesta operação fossem membros de gangues (o que ainda não foi comprovado), isso não isenta o Estado de sua responsabilidade. São jovens, em sua grande maioria negros e moradores de favelas. Foram atacados, encurralados, baleados, esfaqueados, decapitados, sem julgamento ou devido processo jurídico. Quando um segmento da população (definido por raça e classe) é tratado como um inimigo a ser exterminado, estamos entrando no âmbito do genocídio. A narrativa oferecida pelo Estado, de que 'um morador de favela merece morrer porque faz parte de um Estado paralelo inimigo,' espelha outras narrativas genocidas em todo o mundo. Diz-se que os palestinos merecem morrer por causa do Hamas; os moradores de favelas merecem morrer por causa do crime organizado e de gangues como o Comando Vermelho. Até mesmo as armas usadas no Rio incluem fuzis de fabricação israelense (como o IWI Arad fornecido à Polícia Militar do Rio). Em ambos os casos, as pessoas são desumanizadas, privadas de direitos, excluídas da ordem simbólica. Essa é a lógica do genocídio, quando a violência é normalizada contra um outro indesejado. O que Lula disse O presidente Lula gerou controvérsia ao afirmar que os traficantes de drogas também são vítimas dos usuários; há pessoas que vendem drogas porque há pessoas que compram, e pessoas que compram porque há pessoas que vendem. A oposição disse que isso equivalia a banalizar o crime de tráfico. No entanto, a declaração aponta para algo mais profundo: o reconhecimento de que aqueles que são forçados a entrar na economia das drogas são, eles próprios, vítimas de um sistema de subjugação, desigualdade e consumo por parte dos privilegiados. No contexto deste massacre mais recente, a implicação é clara. Jovens reduzidos a bucha de canhão, lutando uma guerra sobre a qual tiveram pouca escolha, parte de economias informais geradas pela falta de oportunidades, enquanto os consumidores da classe média e da elite permanecem protegidos do escrutínio e consequência. As palavras do presidente deveriam nos levar a enxergar além do rótulo de "criminoso" ou "bandido" e perguntar: Por que tantas vidas são consideradas descartáveis nas favelas? Por que essa operação fracassa A lógica da megaoperação é cruelmente simples: usar força esmagadora, apreender armas e declarar vitória. Mas décadas de operações semelhantes no Rio e no Brasil mostram que isso não quebra o ciclo de crimes violentos. Pesquisas demonstram que a polícia do Rio mata mais pessoas em operações a cada ano do que a polícia dos Estados Unidos inteiro. O trauma dessa violência se espalha, famílias são destruídas, crianças ficam órfãs, comunidades aterrorizadas e desconfiadas. O protesto pela paz no Rio não se resume a essa única operação; é um grito contra décadas de policiamento militarizado, violência racial e negligência estrutural. Um apelo por justiça e humanidade Após os acontecimentos de 28 e 29 de outubro, as exigências são claras: Todas as vítimas devem ser identificadas; as famílias informadas; e deve ser fornecido apoio jurídico, financeiro e psicossocial. Uma investigação completa e transparente sobre como e por que as pessoas foram mortas. O fim das declarações que criminalizam comunidades inteiras em vez de abordar as causas profundas da desigualdade, do racismo, da falta de oportunidades, da marginalização, do consumo de drogas por parte dos privilegiados e da corrupção em instituições governamentais que encobrem má conduta e uso excessivo da força. O policiamento deve ser substituído por investimento social e pela reconstrução do contrato social para desmantelar suas estruturas de racismo institucional. Se esperamos que o mundo condene a violência em outros lugares, que defenda os chamados países 'civilizados' que respeitam os direitos humanos, devemos primeiro olhar para nós mesmos. A supremacia branca e a violência patrocinada pelo Estado continuam sua lógica genocida no Brasil, em Gaza, em todos os lugares. Para aqueles de nós que não foram diretamente afetados, a luta não acabou. Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar as comunidades afetadas, exigir justiça e desafiar as narrativas de extermínio. Esta não é apenas uma crise no Rio; é um espelho que reflete o globo. Veja mais fotos aqui. _____ Mirna Wabi-Sabi é escritora, editora da Sul Books e fundadora da Plataforma9 . Ela é autora do livro Anarco-transcriação e produtora de diversos outros títulos pela editora P9 .
- Guerra no Rio: a desigualdade de visibilidade e proteção legal entre mortos de uma operação policial
"Segundo normas internacionais de direitos humanos, às quais o Brasil está juridicamente vinculado , toda morte ocorrida em operações de segurança deve ser registrada, investigada e acompanhada de identificação completa das vítimas." No dia 28 de outubro de 2025, mais de 119 pessoas foram mortas no Rio de Janeiro, na operação policial mais letal da história do Estado. A facção retaliou com drones, explosivos e barricadas. O número de mortos, o ambiente em favelas densamente povoadas, e o fato de muitos mortos ainda sem identificação completa geram questionamentos sobre como, quem, e em que circunstâncias morreram. Entes perdidos foram negados a presença de familiares e a perícia, amarrados com cordas náuticas e transportados em caminhonetes para o hospital Getúlio Vargas, e de lá, para o Instituto Médico Legal. O fato de apenas os policiais serem nomeados evidencia desigualdade de visibilidade e proteção legal entre mortos de uma operação, influencia a narrativa midiática e levanta questões sérias sobre direitos humanos, justiça e ética jornalística. Ao serem nomeados oficialmente, os policiais mortos são imediatamente reconhecidos como vítimas pelo Estado, o que garante às suas famílias acesso rápido a pensões, indenizações e assistência jurídica — benefícios que são negados às famílias dos mortos não identificados. Os problemas éticos, legais e políticos de chamar mortos anônimos de 'bandidos' A presunção de culpa sem julgamento Quando uma pessoa é chamada de bandido após uma operação, está se atribuindo culpa sem processo legal. Mas no Estado de Direito, ninguém deve ser considerado culpado até se provar o contrário. Em muitas dessas operações, as mortes ocorrem sem que haja prisão, investigação ou julgamento — logo, é impossível afirmar quem eram de fato os mortos. O apagamento da humanidade dos mortos Reduzir dezenas de pessoas a bandidos é uma forma de desumanização. Os mortos deixam de ser reconhecidos como cidadãos, pais, filhos, irmãos ou moradores de comunidades, e passam a ser uma categoria abstrata e descartável. Isso facilita a aceitação social da violência policial e o silêncio sobre execuções sumárias. O reforço de desigualdades sociais e raciais Na prática, o termo “bandido” costuma recair sobre corpos negros e pobres das periferias. Essa generalização legitima a morte seletiva de certos grupos sociais. Ou seja, a palavra não é neutra, ela faz parte de uma estrutura de poder que naturaliza a violência do Estado sobre determinados territórios. A transparência e a responsabilização prejudicada Enquanto as autoridades chamam os mortos de “criminosos,” raramente há investigação independente. Isso bloqueia a busca por responsabilidade policial, impede a identificação das vítimas e infringe leis internacionais de direitos humanos. A opinião pública moldada A linguagem molda a percepção social. Quando a imprensa ou o Estado usa “bandidos” para descrever apenas um lado dos agentes de violência urbana, o público tende a aceitar massacres como operações legítimas, mesmo sem provas ou contexto. Isso cria uma narrativa de guerra, em que certos cidadãos são tratados como inimigos do povo. Segundo normas internacionais de direitos humanos, às quais o Brasil está juridicamente vinculado , toda morte ocorrida em operações de segurança deve ser registrada, investigada e acompanhada de identificação completa das vítimas. Essa obrigação consta no Protocolo de Minnesota da ONU (2016) , nos Princípios Básicos da ONU sobre Uso da Força (1990) e na Convenção Americana de Direitos Humanos (OEA) . Esses documentos determinam que, em qualquer operação estatal, é ilegal classificar pessoas mortas como “não identificadas” sem investigação formal e sem notificação às famílias. Para o direito internacional, cabe ao Estado garantir transparência. Até o fechamento desta nota, a operação no Rio não cumpre esses requisitos. Não há boletim público nominal das vítimas, nem relatório oficial de circunstâncias das mortes, o que pode se qualificar como descumprimento de tratados assinados e possível configuração de execução extrajudicial, caso não haja investigação independente. ____ Corpos na Praça Dia 29 de outubro de 2025 Moradores do Complexo da Penha resgataram pelo menos 50 corpos da Serra da Misericórdia na madrugada do dia 29 de outubro, e os colocaram na Praça São Lucas. Lá, familiares tentaram reconhecer seus entes antes do IML os recolher. Quando moradores são forçados a resgatar corpos por conta própria, os empilhar numa praça pública e improvisar uma espécie de identificação coletiva antes da chegada do Estado, há evidência de que o Estado produz morte para manter dominação. Ele não tem comprometimento com a vida da população que considera paralela e inimiga, agindo com brutalidade para 'reconquistar território.' O Estado busca 'reconquistar território' e negar direitos a quem vive nas margens não porque esses territórios sejam uma ameaça à sociedade, mas porque eles representam uma ameaça ao modelo de poder e controle sobre a sociedade. Guerra como método de disciplina social Cada operação cumpre uma função estratégica de: – Impedir a mobilização coletiva, reprimindo lideranças comunitárias e criminalizando qualquer organização autônoma; – Fragmentar redes de solidariedade, produzindo desconfiança e sabotando iniciativas coletivas; – Instalar trauma e medo, usando o terror como método para paralisar a ação política; – E legitimar a ocupação policial permanente, transformando as periferias em zonas de exceção onde direitos são suspensos e a presença militar é normalizada. Essa engrenagem mantém territórios pobres e racializados sob vigilância e submissão, inviabilizando resistência social e assegurando a continuidade do interesse econômico e político que depende dessa estrutura de opressão. As instituições governamentais criam condições para a extração econômica e o controle político dessas populações, ao neutralizar conflitos de classe e proteger a circulação do capital. O que aconteceu no Complexo da Penha nessa madrugada vai além de uma tragédia humanitária. É uma declaração do real interesse das instituições governamentais, que atuam não para proteger vidas, mas para administrar a morte e lucrar ao negar direitos a quem vive nas margens. ____ Escrito por Mirna Wabi-Sabi Fotografado por Fabio Teixeira ____ [Nota editorial: Número de vítimas atualizado.]
- Guerra e abuso contra populações vulneráveis
As Forças Armadas em guerra contra o povo. AS FORÇAS ARMADAS A guerra não é a mesma que era no século passado. Ela evoluiu para formas híbridas , e encontrou novas maneiras de silenciar a má conduta, e fatos em geral. Podemos não ver as armas ou os soldados, mas todos os aspectos de nossas vidas são afetados pela função que essas pessoas exercem. Toda vez que viajamos ou compramos comida importada; na verdade, sempre que nos identificamos como tendo uma nacionalidade, é por causa deles. Instituições militares de defesa são a razão pela qual Estados e Governos existem , porque as fronteiras importam, porque falamos uma certa língua, e porque não podemos simplesmente botar uma barraca na praia. Mesmo assim, a presença militar pode se tornar ainda mais proeminente no cotidiano e durante tempos supostamente pacíficos. A possibilidade de um regime militar no Brasil tem flutuado em conversas desde antes da presidência de Bolsonaro. Ele notoriamente defende o regime militar, foi um oficial durante a ditadura, e disse que não aceitaria o resultado da eleição presidencial se não vencesse – Recentemente admitindo em entrevista que cogitou intervenção militar em 2022. Em seus 27 anos de congresso, o Rio de Janeiro foi alvo de 36 operações das Forças Armadas (FA). A primeira no Rio, em 92, também foi a primeira do país. Os casos em que as FA são usadas para controlar a população brasileira são chamadas de GLO’s, “Garantia da Lei e da Ordem.” Do total direcionado à 'violência urbana,' 43% aconteceram no Rio. Enquanto a maioria dos outros estados tiveram 0, sete estados tiveram 1, e três tiveram 2 – O Rio teve 10 (sem contar 1 operação que teve 15 fases). Agora que ele foi presidente, ficamos atentos com a hiper militarização do Rio se espalhando pelo Brasil. A presença militar no âmbito civil traz algumas implicações previsíveis para a segurança pública e a "lei e ordem." Os militares são empregados como forças policiais, a percepção pública sobre o crime sofre uma mudança drástica, e a privatização dos presídios torna tudo extremamente lucrativo. MISOGINIA As mulheres foram introduzidas nas FA apenas recentemente . Houve pressão para que isso acontecesse durante a presidência de Dilma, já que ainda não havia mulheres de alto escalão na área. Quando Dilma sofreu impeachment, em 2016, a esposa do homem que a substituiu foi elogiada por ser “ bela, recatada e do lar. ” Esses são métodos midiáticos passivos-agressivos de manter as mulheres no âmbito doméstico (e, neste caso, fora do 'mais alto cargo' do país), mas também existem métodos mais agressivos, visíveis nas figuras consistentemente alarmantes de crimes de ódio contra mulheres e pessoas LGBTQIA+ . Incluir mulheres nas Forças Armadas pode não resolver o problema do sexismo, mas pode provocar mudanças rápidas e significativas na vida de mulheres marginalizadas que inevitavelmente interagem com as FA, além de impactar a cultura interna da instituição. A desmilitarização da assistência humanitária e dos recursos de saúde deve ser o próximo passo. Para assegurar os efeitos duradouros dos esforços de saúde pública, é essencial acabar com a situação de desabrigo, garantindo moradia estável e acesso a água encanada para todos. A primeira solução é apenas mais rápida porque já foi discutida por algumas décadas, e a mudança mesmo assim acontece lentamente. Enquanto as outras soluções infelizmente não são comumente consideradas no discurso público. Em 2011, foi publicado um estudo sobre a inserção de mulheres na Marinha. Esta é a opinião de um oficial sobre como esta mudança tem sido: – Relato na página 90 de um artigo de 2011 chamado “ Políticas Públicas de Gênero: A inclusão das mulheres na Marinha do Brasil como militares. ” Foi difícil escolher uma citação para analisar; este artigo está repleto de comentários machistas velados como não-sexistas porque são apresentados como elogios ou como simples fatos. Por exemplo, as mulheres trouxeram “uma maior importância a arrumação e a limpeza” para o ambiente de trabalho (p. 91), como se uma grande coisa que as elas tivessem a oferecer fosse sua inclinação para o cuidado doméstico. Essa atitude ignora completamente a conjuntura sócio-política que levou as mulheres a verem as tarefas domésticas como sua responsabilidade (muitas vezes não remunerada), enquanto o homem sai para fazer o trabalho real (pago e relevante). Elas fazem tudo com mais “docilidade” e “carinho” (p. 89), são mais estudiosas e caprichadas, não podem ouvir palavrão, e homens devem evitar ter conversas de “muito baixo calão” perto delas. Além de acharem a presença de mulheres de maiô “constrangedora” durante a educação física. Mulheres oficiais e praças são especificadas como “mulheres,” enquanto “homem” é omitido e implícito. Isso grifa o masculinismo como se fosse tradicional. Ele especifica a masculinidade apenas quando descreve o sexo como algo que os 'homens' procuram. Dessa forma, tratando o sexo como algo que os homens querem das mulheres, simbólico da cultura do estupro. “Extraconjugal” e “lá fora” são termos alarmantes que exigem uma pesquisa urgente e detalhada sobre como esses homens tratam as mulheres locais nas regiões onde se instalam para trabalhar. Se a cultura do estupro emana de uma linguagem que é considerada tradicional, não podemos ignorar como ela revela uma atitude que pode se materializar a qualquer momento. Infelizmente, não há figuras ou dados referentes a má conduta sexual por parte de soldados e oficiais, apenas incontáveis histórias de maridos traindo suas esposas. FALTA DE DADOS Há falta de dados sobre agressão sexual, assédio e outros ataques morais de gênero cometidos por membros das FA. Em um relatório de uma reunião da Comissão de Gênero do Ministério da Defesa ( CGMD ) em abril de 2015, uma representante da Secretaria de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto afirma que não há registro formal de casos de agressão porque o “'sistema' tende a abafar fatos ocorridos.” Logo em seguida, um representante da Secretaria de Organização Institucional expressa preocupação com o objetivo dessa pesquisa de dados. Ele afirma já ter feito a pesquisa, encontrando um número insignificante de casos, alguns dos quais incluem homens como vítimas. Portanto, sua preocupação é com a tendência ao “denuncismo,” simplesmente ignorando comentários de mais de uma pessoa dizendo que não há figuras sobre o tópico (e nenhuma outra explicação clara do motivo para isso). Este ano, uma advogada naval me explicou que esses números não existem porque são considerados informações pessoais processadas pelos tribunais; dentro das FA, apenas o pessoal de Inteligência tem esses relatórios. Em outras palavras, relatórios e números existem, mas em sigilo . Nesse tópico, o diálogo público é formal, estéril e falso, especialmente quando admite que essas reuniões são uma resposta à pressão diplomática para alcançar padrões internacionais de igualdade de gênero. O comunicado de encerramento de um ministro descreveu a Suécia negando acordos diplomáticos com a Arábia Saudita e a Liga Árabe por causa dessa questão. Ou seja, não se deve prejudicar as relações diplomáticas com países ocidentais por atrasos nessa questão, e a islamofobia é um véu conveniente para o machismo. A mesma reunião gerou um debate sobre o uso da palavra “equidade,” já que alguns temiam que isso pudesse ser interpretado literalmente; como a expectativa de 50/50 na participação de homens e mulheres nas FA. Isso seria tão ruim? Para eles, sim, porque isso significaria substituir a meritocracia por algum tipo de cota. Como se as mulheres tivessem a opção de entrar nas FA, já que não há concursos o suficiente disponíveis. E quando tem, como se elas tivessem a motivação pessoal de serem moldadas a um ambiente violentamente masculino, onde nem mesmo as instalações são projetadas para acomodá-las . A CGMD ainda garante que os espaços femininos sejam concedidos apenas dentro de um sistema meritocrático ( 2017 ). O que isso significa não é que as mulheres possam entrar quando são qualificadas e valiosas, mas sim quando elas efetivamente alcançam os padrões já existentes (masculinos) que foram estabelecidos pelas instituições militares há 200 anos. A meritocracia nada mais é do que uma desculpa para marginalizar, nesse caso, mulheres. Nos registros de reuniões de 2014 já se revelam confrontos entre “conversas sobre mulheres” versus “conversas com mulheres.” Um coronel anunciou o workshop Proteção das Mulheres nas Operações de Manutenção da Paz da ONU , sobre como proteger uma população feminina local durante missões de “paz.” No entanto, não havia mais vagas disponíveis para membros da CGMD, o que levou uma mulher, membro da Escola Superior de Guerra a estabelecer a porcentagem embaraçosamente baixa de mulheres na instituição educacional (18%). Geralmente, esses baixos percentuais são atribuídos ao fato de que as mulheres só se inscrevem para o Exército voluntariamente, enquanto para os homens brasileiros, a inscrição é obrigatória. Todas as carreiras do Exército são voluntárias; os homens não têm obrigação de servir mais do que 1 ano, e esses 9-12 meses serem obrigatórios para os homens apenas garante a predominância masculina na área. COLONIALISMO “As mulheres ribeirinhas são oportunistas, e vão atrás da pensão. Então use camisinha e não a deixe em qualquer lugar – dê descarga.” Um oficial da Marinha me relatou este conselho dado aos recém-chegados nos 9º, 6º e 4º distritos navais – Sobre descartar evidências de má conduta sexual enquanto a trabalho no norte do país. Esse oficial também me disse que viu colegas de trabalho gastarem mais de 20 mil reais em um fim de semana “fazendo festa” com mulheres locais. Alguns vivem vidas extravagantes em áreas carentes e gostam de chamar atenção por ter dinheiro. Esses distritos incluem a população mais vulnerável do país e também com o maior número de pessoas indígenas; inclui os estados Amazonas e Pará, onde o rio Amazonas se encontra com o oceano. Lá, as populações Ribeirinhas são consideradas indígenas ou quilombolas. Principais quartéis-generais e bases da Marinha do Brasil (Wiki-Commons Rússia) A Marinha, como uma instituição criada em um período explicitamente colonial, ainda hoje legitima que homens explorem sexualmente mulheres 'não-brancas,' indígenas e da diáspora africana. Mesmo se uma agressão sexual fosse denunciada, o que é raro, nem o agressor nem as autoridades responsáveis conseguem interpretá-la de uma perspectiva que não fosse tradicionalmente patriarcal e colonial. “É um conselho que mostra a normalização do abuso sexual, muitas vezes no uso do poder sobre as mais vulneráveis. A desumanização dessas mulheres em descrevê-las como oportunistas desconsidera como suas condições de vida foram profundamente moldadas pela exploração contínua.” – Jördis Spengler, socióloga. O workshop “Proteção das Mulheres em Operações de Paz da ONU” de 2014 parece não ter sido frutífero até agora. Essas reuniões, grupos ou siglas institucionais fizeram avanços significativos no bem-estar das mulheres neste século, ou elas existem apenas como uma fachada das Relações Internacionais exibida para o Ocidente? PREPOTÊNCIA A Cartilha Maria da Penha descreve um aspecto relevante de um agressor como “prepotência.” Membros das FA tendem a ser atraídos pelo cargo exatamente pelo poder e influência que ele oferece. Isso se dá não apenas devido à artilharia pesada intimidadora, mas também no sentido de reputação, dinheiro, e acesso a espaços exclusivos e imponentes. No Brasil, as FA não garantem apenas a soberania do Estado, elas são usadas para controlar a mesma população que se propõe proteger. Uma parte significativa da polícia já é militarizada, mas também contamos com as Forças Armadas para fazer o trabalho em ocasiões especiais, as GLO’s. Em muitos casos, essas operações visam prevenir a população de acessar terras e recursos; de ocupar certos espaços. GLO’s são usadas contra a população nas favelas, comunidades indígenas, quilombos e protestos. A soberania da favela e sua população; O acesso dos povos indígenas e quilombolas a florestas, manguezais, rios e outras fontes de sustento espiritual, cultural e prático; A manifestação de opiniões e frustrações por meio de protestos urbanos; Esses são conceitos considerados ameaças ao Estado e justifica declarar guerra contra brasileiros(as). O artigo 331 do código penal garante o direito dessas autoridades de criminalizar o desacato. Como o desacato é um conceito abstrato, é fácil para policiais e soldados prenderem quem os antagoniza de alguma forma. Não obedecer às ordens significa um ataque contra o “funcionamento” do Estado, resultando em até 2 anos de detenção. A não ser que o caso tenha motivações políticas, o que pode ser classificado como terrorismo. São eles que detêm o maior poder e influência — a própria definição de prepotência. Apesar de isso não constituir prova de um crime, revela a urgente necessidade de conscientização de gênero para os integrantes das instituições de defesa. Além disso, reflete uma cultura presente nas Forças Armadas, e alterar essa norma é um desafio considerável em meio a tanta rigidez. O Centro de Estudos Estratégicos de Defesa (CEED), uma iniciativa multinacional um tanto independente, começou a realizar uma pesquisa sobre mulheres no setor de defesa na América Latina por volta de 2015. Hoje ainda não está claro qual foi o resultado e a disposição do Ministério da Defesa do Brasil de participar. Talvez as questões da pesquisa já implorassem por significantes mudanças. A seção 5 do formulário, dedicada ao Ambiente de Trabalho, pergunta sobre a existência de um escritório dedicado ao bem-estar das mulheres, apoio a vítimas de violência doméstica, registro de casos de assédio e programas de educação sexual. Dos oficiais que conheci, nenhum está ciente da existência desses programas, desta pesquisa, ou se quer foram expostos ao tópico em geral. Nos últimos 6 anos , o site do CEED deixou de existir. DESPEJO O que acontece depois do despejo de uma comunidade favelada? O entorno da comunidade Sem Terra do Parque União no complexo da Maré lida com instabilidade e despejos desde os anos 80. Apesar da área ter sido aterrada e loteada com o intuito de fornecer moradia acessível para comunidades vulneráveis, a vulnerabilidade persiste. Os despejos e demolições de construções irregulares tem qual objetivo? E o que acontece depois que famílias são despejadas? Para o despejo mais recente, de 2024, o motivo dado pelas autoridades e reproduzido pela mídia é que os prédios auxiliavam o tráfico de drogas na lavagem de dinheiro, e eram de “luxo” apesar de serem irregulares no papel. Ou seja, quem estava morando ali, nas estruturas inacabadas, não eram pessoas vulneráveis, pois tinham acesso a uma piscina – portanto, supostamente pessoas coniventes com ou do tráfico. Essa narrativa é criada para justificar a utilização do Exército Brasileiro contra a própria população do país, já que, para eles, trata-se de Crime Organizado e não de cidadãos brasileiros vulneráveis que merecem direitos básicos como moradia e saúde. Meio ano depois, muitas das 40 famílias desabrigadas continuam sem ter para onde ir, nas ruas da própria comunidade. Afundados em indignidade e obviamente sem acesso aos luxos supostamente disponibilizados pelo Crime Organizado, as brigas irrompem entre si, enfraquecendo o potencial para um movimento de resistência organizado. É impossível se organizar contra a narrativa construída pelas autoridades para justificar a marginalização quando essa marginalização é tanta que nem a sobrevivência no dia a dia é garantida. Poucos metros da comunidade Sem Terra, o Núcleo de Apoio as Operações Especiais , uma base militar, se instalou para dar suporte a operações de segurança, monitoramento e combate ao tráfico de drogas na região. A presença da base militar, com a promessa de proteção e ordem, acaba sendo mais uma fonte de tensão para os moradores da área. Muitas vezes, a violência policial se intensifica, com operações que resultam em ações indiscriminadas e a violência estrutural que perpetua a marginalização dos residentes. A narrativa de segurança pública, associada ao combate ao tráfico de drogas, se sobrepõe à realidade de uma população que está buscando apenas um meio de vida digno, longe da criminalização e da violência. A falta de políticas públicas efetivas de moradia e saúde para a população mais pobre cria um ciclo vicioso, onde o despejo e a violência se tornam o cotidiano. E quando as pessoas são forçadas a sair de suas casas, muitas vezes, sem qualquer tipo de suporte, elas se veem em uma luta constante pela sobrevivência. Com a desagregação das comunidades e a falta de uma rede de apoio, a resistência se torna cada vez mais difícil. O Estado, ao invés de atuar como um facilitador da inclusão social, se posiciona como um agente de controle e repressão, intensificando a desigualdade já existente. O despejo da comunidade Sem Terra do Parque União não é um caso isolado. Ele faz parte de um ciclo contínuo de remoções forçadas, que acabam por destruir as bases de solidariedade que, muitas vezes, são a única forma de resistência que os moradores possuem. O movimento de resistência, em vez de crescer, se fragmenta em meio ao caos social imposto pela ausência de políticas públicas efetivas. Diante disso, é necessário que a sociedade olhe para essas questões de forma crítica, reconhecendo que a verdadeira segurança e inclusão não se encontram na repressão, mas em ações concretas de acesso à moradia digna e saúde. Só assim, comunidades poderão se reorganizar e lutar por seus direitos de maneira efetiva, sem serem constantemente despojadas de tudo o que têm, inclusive da integridade de seus próprios corpos. CONCLUSÃO Não podemos aguardar um consenso unânime sobre o Patriarcado e o Estado serem problemáticos antes de começarmos a aplicar soluções. Sempre houve e continuará a haver uma resistência significativa à mudança. O enfraquecimento das estruturas hegemônicas parece assustador para aqueles que não conseguem conceber suas vidas ou o mundo sem elas. Isso se resume a uma completa falta de criatividade e a um privilégio suficiente para que uma série de desculpas nos mantenha em um caminho destrutivo. Perder a crença na meritocracia pode transformar a sociedade em uma onde a palavra “marginalizado(a)” não carregue um significado negativo. A perda do direito dos homens de perpetuar linguagem e comportamento misóginos resulta das mulheres conquistando espaço . Isso pode se refletir em mudanças significativas na atitude militar em relação às mulheres em áreas vulneráveis. Eu sinceramente não pensava em chegar a outra conclusão além de fortalecer minha oposição à ideia de alguém ingressar nas Forças Armadas . No entanto, será que as mulheres precisam de mais pessoas ditando o que elas devem ou não devem fazer? Talvez esta seja uma situação parecida com a do casamento gay; primeiro, precisamos legalizá-lo para a comunidade LGBTQIA+ antes de podermos questionar a instituição como um todo. O direito deles de serem ofensivos e “tradicionalmente masculinos” não é mais importante do que o nosso direito de ser independente, de não ser assediada, humilhada, assassinada, estuprada, comprada, e tudo que não queremos ser. Apenas a partir daí, podemos começar a nos tornar tudo o que queremos ser. __________________ texto: Mirna Wabi-Sabi Baseado em uma pesquisa publicada originalmente em 2019.
Outras páginas (13)
- Perguntas frequentes | P9
Bilingual editing and advisory. Assessoria bilíngue de edição. Perguntas frequentes ◣ FAQ FAQ O que é a Plataforma9? A Plataforma9 é uma iniciativa jornalística e editorial que publica artigos e livros de bolso de não-ficção em diversas línguas (português, inglês, espanhol, indonésio, persa) e os distribui globalmente. Além da editora e publicadora online, a Plataforma9 oferece serviços editoriais como edição, formatação, tradução, consultoria e alfabetização midiática. ('Plataforma9' é sempre escrito sem espaço entre a palavra e o número.) A Plataforma9 tem relação com a Plataforma 9 portuguesa ou com a estação 9¾ de Harry Potter? Não. Apesar da coincidência no nome, a Plataforma9 não tem nenhuma relação com o universo de Harry Potter nem com o portal português de mesmo nome. O nosso nome vem do primeiro artigo que publicamos em 2019, onde a passarela 9 na Maré, no Rio de Janeiro, foi um ponto de observação para cobrir a dispersão violenta da Cracolândia pela polícia. A Plataforma9 se tornou um símbolo do nosso ponto de partida – observar e analisar o mundo a partir dos lugares que costumam ser ignorados, e dar visibilidade ao que é sistematicamente apagado. Também não temos relação com a empresa de tecnologia brasileira Plataforma Nove. Quem são os donos da Plataforma9? A Plataforma9 foi criada e é dirigida por Mirna Wabi-Sabi , escritora, editora, e jornalista. O projeto é independente , sem vínculos com partidos políticos, empresas de mídia ou grandes grupos editoriais. Além de Mirna, a Plataforma9 colabora com uma rede internacional de autores, fotógrafos e pesquisadores que participam de projetos editoriais e jornalísticos. Quais são os Métodos de Pagamento no site da Plataforma9? Aceitamos: Boleto, Cartões de crédito e débito brasileiros, PayPal PIX Não aceitamos Cartões de crédito internacionais (que não sejam brasileiros). Clientes internacionais são encorajados a usar o PayPal. Entre em contato caso haja qualquer dúvida sobre pagamento ou queira saber mais sobre alternativas. É possível mudar o idioma e a moeda no site da Plataforma9? Sim. No topo direito das páginas, há 2 menus suspensos – um de mudança de idioma para inglês, espanhol ou português, e outro para mudança de moedas. O menu de moedas só se torna visível quando os cookies são aceitos na base da página. Qual é a política de Privacidade da Plataforma9? A Plataforma9 respeita as leis de proteção de dados pessoais europeia – GDPR . Você pode a qualquer momento pedir para acessar, editar ou remover seus dados dos nossos registros. A Plataforma9 também não cede ou vende dados pessoais de clientes, ou parceiros, a outras companhias, indivíduos ou corporações. Que tipo de livros vocês publicam? A editora P9, ligada à Plataforma9, publica livros de bolso de não-ficção, com foco em política progressista, ambientalismo, justiça social, mini-antologias de artigos políticos e textos de reflexão crítica. Os livros são pensados para serem portáteis (do tamanho de um smartphone ), para leitura em qualquer lugar. Mas também temos livros maiores de fotografia, como o Seeds and Tales . A maioria dos livros da P9 são multilíngues, ou seja, há mais de uma língua em cada edição. Em quais línguas e mercados os livros estão disponíveis? Os livros estão disponíveis em português, inglês, espanhol, indonésio, e persa. Eles são vendidos em diversos países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Austrália, México, Peru, Argentina, Colômbia, Chile e Indonésia. No Brasil, a distribuição é feita da nossa sede em Niterói–RJ. No resto do mundo, a distribuição é feita via distribuidoras parceiras. Essas distribuidoras podem ser encontradas no mapa da página principal do site. É também possível fazer pedidos internacionais neste site, plataforma9p9.com, para os EUA, Reino Unido, União Europeia, e Austrália. Como posso comprar um livro ou acessar o catálogo? Você pode acessar a seção Loja ( Store ) no site da Plataforma9 para ver os livros de bolso multilíngues disponíveis. Você pode comprar também em livrarias físicas ou online listadas no mapa na página principal. Também há a opção de Livros Digitais (e-books) de alguns títulos. Quais são os prazos e condições de entrega, troca ou reembolso? As entregas são estimadas em torno de 3 semanas. O site confirma o recebimento do pedido, pagamento e envio em uma semana. Não há troca, mas você pode entrar em contato para saber sobre reembolsos ou informar problemas na entrega. Quais serviços editoriais vocês oferecem e qual é o orçamento? Edição de textos Tradução Formatação de arquivos de miolo e capa Produção gráfica Consultoria editorial Produção de texto (redação, etc.) Cursos de Alfabetização midiática e Word Se você se interessar nesses serviços, entre em contato via a página de Contato para saber mais. Como posso entrar em contato ou solicitar mais informações? Você pode acessar a página de Contato no rodapé do site. Nosso e-mail é plataforma9p9@pm.me Ou você pode nos escrever pelas mídias sociais . Posso submeter um artigo ou proposta de livro para publicação? A Plataforma9 é uma iniciativa editorial e jornalística — você pode enviar um e-mail via “Contato” com sua proposta (tema, formato, público alvo) para propor seu projeto. Visite este link para saber mais dos padrões de formatação do conteúdo de submissão. Qual é o foco editorial ou o público-alvo da Plataforma9? O foco é não-ficção com viés crítico, voltado para temas como política progressista, alfabetização midiática, cultura, meio ambiente, tecnologia, sociedade e diversidade. O público-alvo inclui leitores engajados com pensamento crítico, movimentos culturais, acadêmicos, profissionais de comunicação, e leitores que buscam publicações ágeis (livros de bolso) e reflexivas. Muitos de nossos leitores têm interesse em línguas estrangeiras , e falam mais de um idioma.
- P9 | MATA | Mini-antologias
MATA – mini antologias de bolso – P9 Artigos de analise politica, livro de bolso, antologia de teoria política. 2021 2023 2024 Visualização rápida MATA dos minilagos Preço R$ 39,00 Adicionar ao carrinho Visualização rápida Só na FLIPEI MATA bolsonarismo Preço R$ 39,00 Adicionar ao carrinho Visualização rápida MATA bolsonarismo [digital] Preço normal R$ 9,00 Preço promocional R$ 6,00 Adicionar ao carrinho Visualização rápida MATA das bruxas Preço normal R$ 38,00 Preço promocional R$ 29,00 Adicionar ao carrinho Visualização rápida MATA das bruxas [digital] Preço normal R$ 9,00 Preço promocional R$ 6,00 Adicionar ao carrinho
- P9 | Política ◣ Policy
A Plataforma9 publica sobre estratégias de combate às injustiças sociais e econômicas, à supremacia branca e ao patriarcado. A missão da P9 é utilizar a narrativa para desencadear movimentos construtivos em nosso mundo conturbado. Nossas Políticas ◣ Our Policies Nossos Princípios ◣ Our Principles Nossos interesses orbitam estratégias de combate às injustiças sociais e econômicas, à supremacia branca e ao patriarcado. Através da disseminação da produção intelectual de pessoas marginalizadas, e da formação midiática necessária para a criação de conteúdo, acreditamos que mudanças essenciais podem ser alcançadas na sociedade. ___________ Our interests orbit strategies to combat social and economic injustices, white supremacy and the patriarchy. Through the dissemination of the intellectual production of marginalized peoples, and the media production training necessary for the creation of content, we believe that essential changes can be achieved in society. Privacidade & Segurança ◣ Privacy & Safety A Plataforma9 não cede ou vende dados pessoais de clientes, ou parceiros, a outras companhias, indivíduos ou corporações. Você pode sempre entrar em contato conosco com um pedido de acesso, edição ou remoção de seus dados pessoais da nossa plataforma. Informações compartilhadas nas mídias sociais podem ser usadas para identificar uma audiência com interesses compatíveis com os nossos. ___________ Plataforma9 does not give or sell the personal data of our clients or partners to any other company, individual or corporation. You can always contact us with a request to access, edit, or remove your personal data from our platform. Information shared on social media can be used to identify an audience with interests compatible with ours. Revendas e Atacado ◣ Wholesale Inquiries Entre em contato conosco para saber mais sobre opções de compra em grande escala e revendas. ___________ Get in touch with us to know more about our wholesale options. Payment Method Métodos de Pagamento ◣ Payment Methods Boleto / Cartões de crédito e débito brasileiros / PayPal Internacional / PIX ___________ PayPal / Only Brazilian Credit or Debit Cards

![MATA das bruxas [digital]](https://static.wixstatic.com/media/c01e73_9a8e8d990f1e41c58a0b2800708738ac~mv2.png/v1/fill/w_55,h_78,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/c01e73_9a8e8d990f1e41c58a0b2800708738ac~mv2.png)
![Anarco-Transcriação [digital]](https://static.wixstatic.com/media/c01e73_7a3fcf897d6d4475a48c1a18960a14bc~mv2.jpg/v1/fill/w_55,h_90,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/c01e73_7a3fcf897d6d4475a48c1a18960a14bc~mv2.jpg)






