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68 itens encontrados para ""

  • Além da periferia da pele: Uma entrevista com Silvia Federici

    Esta entrevista foi originalmente lançada no podcast Last Born In The Wilderness. Silvia Federici revisou a transcrição antes da publicação, e com suas contribuições, o texto foi editado para maior clareza e extensão. Esta tradução inédita é de Mirna Wabi-Sabi e foi produzida pelo coletivo Plataforma 9 para a Le Monde Diplomatique Brasil. O que é o “corpo” no capitalismo? De acordo com Silvia Federici, quando falamos de corporeidade, como nosso entendimento do “eu” em relação ao nosso corpo é redefinido, reduzido e mutilado sob a lógica do capital e as imposições do estado? Embora as respostas para essas perguntas sejam relevantes para quem trabalha no capitalismo, elas têm peso e ressonância específicos para aqueles que mais sofreram com esse sistema global — as mulheres. Entrevistador: Patrick Farnsworth Tradução: Mirna Wabi-Sabi Leia na Le Monde Diplomatique Brasil

  • Justiça e jornalismo nas Américas

    "Por um lado, o jornalismo das mídias sociais pode visibilizar atrocidades e causar um alvoroço pela justiça social, mas, por outro, é ainda mais eficaz para nos distrair deles e garantir que o alvoroço seja estéril." Por que o jornalismo da rede social não foi mais eficaz em assegurar a justiça social? Alguns argumentam que foi. Ela conecta as pessoas, viraliza a resistência contra o racismo e é útil juridicamente – porque mostra como os relatos policiais nem sempre correspondem às evidências amplamente divulgadas pela população. De fato, as evidências que levam ao clamor público online têm resultados concretos em certos casos e podem impedir a impunidade, como vimos recentemente no caso Ahmaud Arbery nos Estados Unidos. “Demorou dois meses, um vídeo vazado e um clamor público” (Washington Post) para que uma prisão acontecesse. Mas, mesmo com a evidência explícita do que aconteceu circulando nas redes sociais, muitos ainda argumentam que esse caso não evidência a violência racializada presente em todo o país. Desde o fim da Guerra Civil nos EUA, há uma tendência de lidar com a violência racial como casos isolados, até quando ela começou a se manifestar de forma organizada através do Ku Klux Klan. Então, até que ponto essas novas tecnologias conseguem abalar as estruturas racistas da nossa sociedade? Escrito por Mirna Wabi-Sabi Leia aqui: Le Monde Diplomatique Buala (Portugal)

  • Mirna Wabi-Sabi: Precisamos reavaliar o que significa passar fome hoje em dia

    "Toda a campanha que visa 'alimentar o mundo' precisa reavaliar o que significa passar fome hoje em dia, agora que comida se tornou acessível, mas mata." (Artigo por Mirna Wabi-Sabi.) A decisão de demitir Mandetta por conta de medidas de distanciamento social é preocupante, mas não surpreendente. De acordo com o presidente, deixar a população trabalhar significa cuidar de seu bem-estar, algo que um Ministro da Saúde centrista não é bem equipado para supervisionar. O ex-bancário Rodrigo Maia, uma pessoa em teoria mais preparada para lidar com questões econômicas, fala de redistribuição de riqueza, enquanto Bolsonaro o ataca por não ter um coração verde e amarelo. Uma resposta mais “patriota” a essa pandemia seria acabar com o distanciamento e reduzir impostos para empresas que contratarem jovens (de 18 a 29 anos) e pessoas com mais de 55 anos. Em outras palavras, botar as pessoas para trabalhar. Escrito por Mirna Wabi-Sabi Leia no Jornalistas Livres

  • Entrevista com Noam Chomsky: o maior desafio ao poder estatal

    De acordo com Noam Chomsky: Os governos do Reino Unido e dos EUA estão usando o tratamento horrendo de whistleblowers como Chelsea Manning e editores como Julian Assange, como exemplo. O tratamento de Julian Assange é um dos casos mais extremos disso. Independentemente de suas opiniões pessoais sobre as decisões dele como editor, é preciso entender que esse caso é simbólico de até que ponto o Estado irá para esmagar a dissidência. A saúde e o bem-estar do fundador do WikiLeaks estão sendo destruídos, descaradamente e à vista do público, por ousar revelar a verdade sobre o governo dos EUA e seus inúmeros crimes de guerra no Iraque, Afeganistão e em todo o mundo. É responsabilidade de jornalistas, e das pessoas que se preocupam com a verdade e que expõem os abusos do poder estatal e corporativo, defender Assange e qualquer pessoa que coloque suas vidas e liberdade em risco. Se já houve um tempo para falar a verdade ao poder, é agora. Entrevista com Noam Chomsky por Patrick Farnsworth Edição e tradução: Mirna Wabi-Sabi Ilustração: Casandra Mae Leia na Le Monde Diplomatique

  • Por que ler Tudo Que É Sagrado É Profanado

    Por Thiago Sá Talvez a melhor maneira de escrever algo sobre Tudo que é sagrado é profanado – uma introdução pagã ao marxismo e sobre a experiência de lê-lo e de traduzi-lo seja citando um trecho em que minha própria relação com o livro foi profundamente definida: o momento, diferente para cada pessoa, do “ah, então é isso”! Para mim, esse momento-chave é a perseguição entre Ceridwen e Taliesin, pois é aí, nas transformações e contradições constantes entre os dois personagens, que o autor demonstra toda a força do materialismo histórico-dialético na (re)construção de uma relação de mundo novamente encantada, porém jamais alienada. As contradições do próprio Capital parecem aproximar-se cada vez mais do seu limite. Entre uma pandemia de proporções históricas inéditas e o acirramento de uma crise econômica que vem se arrastando desde 2008, parece difícil acreditar que uma “normalidade”, mesmo a normalidade assassina do próprio Capitalismo, possa ser recuperada. No entanto, e isso é algo em que precisamos pensar, e pensar de maneira coletiva, esse limite das contradições do Capital lhe são agora impostas sobretudo por todas as cadeias vivas de seres não-humanos, de tudo aquilo que o nosso mundo moderno se acostumou a chamar de “Natureza” e que o capitalismo expropriou e segue tentando expropriar. Na realidade, se existe algo que uma perspectiva animista, “pagã”, pode nos oferecer, e esse é o objetivo também desse livro, é a possibilidade de compreender o Capitalismo nas suas relações de exploração e expropriação como mais amplas do que apenas o mundo humano. O trabalho do geógrafo Jason W. Moore, por exemplo, aponta para a relação direta entre expropriação de povos indígenas e populações tradicionais e a própria destruição ambiental que a acompanha: a destruição da amazônia afeta a própria teia da vida local, da qual participam populações indígenas, plantas, pássaros, onças e espíritos – mesmo que estes últimos venham ao nosso conhecimento apenas através dos próprios indígenas. O que se expropria e se explora, portanto, não se resume ao humano, e o humano não tem, necessariamente a centralidade desse sofrimento. O ponto, claro, não é abrir um debate ou uma disputa para decidir “quem sofre mais”, se humanos ou não-humanos, se trabalhadores explorados ou se camponeses expropriados. O ponto, um ponto que o animismo nos ajuda a reconhecer, é tentar encontrar zonas fracas, contradições, nas violências do capitalismo não apenas contra nós, humanos urbanos, para que possamos tecer alianças contra um inimigo comum. Além disso, este é um livro que busca fazer uma ligação extremamente necessária entre duas esferas da nossa existência que estão, há muitos séculos, artificialmente separadas: a da espiritualidade e a da nossa atuação política e social. Como se não bastasse uma certa influência perniciosa do protestantismo europeu, de enclausurar a experiência espiritual e religiosa no exclusivamente privado, doméstico e individual, ainda por cima parece que a modernidade está condenada há séculos a ser ou ateia ou cristã. Tudo aquilo que escapa a esses dois polos (que muitas vezes são indissociáveis, se percebermos que o humanismo ateu é a promessa da nova humanidade cristã realizada através da razão iluminista) é empurrado para as margens da razão e, por consequência, da nossa atuação política: é a religião dos “outros”, das “minorias”, dos “supersticiosos”, dos “ainda não esclarecidos”. No entanto, acredito que o esforço em se falar de política, e especificamente de marxismo, através de termos pagãos nos relembra que, em primeiro lugar, espiritualidade ou religião não precisam ser restringidos estritamente ao “ser”: ser ateu, ser cristão, ser candomblecista, ser espírita etc – a questão não é colocar uma nova opção no cardápio da nossa espiritualidade moderna esburacada, mas sim se permitir considerar nossa atuação política e social também através da espiritualidade, mesmo que não seja a espiritualidade a qual estamos acostumados. Em segundo lugar, nos convida a considerar essas espiritualidades “estranhas” à racionalidade moderna como perspectivas de atuação, como armas para nosso fazer social, como lições valiosas à nossa existência concreta. Daí a importância de um mito irlandês antigo, no caso desse exemplo do livro que escolhi. Daí também, trazendo para nosso contexto brasileiro, ler e levar a sério a maneira como Davi Kopenawa, em A Queda do Céu, descreve a civilização capitalista: o povo da mercadoria, cujo pensamento foi esfumaçado pela fumaça da epidemia e do metal. O convite que gostaria de fazer com esse livro, com essa tradução para o português de Tudo que é sagrado é profanado, é o de permitir que nossa crítica ao capitalismo e nossa atuação política aprendam também o que o animismo, o paganismo, a feitiçaria, a “superstição”, a macumba, enfim, tudo aquilo que foi marginalizado pela razão europeia tem a nos ensinar. No mínimo, porque nós, como trabalhadoras e trabalhadores, também fomos, por essa mesma razão, por essa mesma práxis, marginalizados. No entanto, se os limites do Capital são alcançados antes por uma crise ambiental, uma pandemia ou um cataclisma climático, e não pela culminância da luta de classes, como se imaginava no início da civilização industrial do século XIX. E se nós, da classe trabalhadora, não soubermos aproveitar esse momento para nos organizarmos, nada garante que um futuro sem capitalismo seja um futuro sem classes, sem exploração. O capitalismo é também, ele mesmo, a forma historicamente atual da opressão, da exploração e da expropriação de uma maioria por uma minoria. Assim como já houve (e em muitos lugares, ainda há) escravidão, novas formas de exploração, que não dependam do trabalho assalariado, podem surgir se permitirmos que os atuais donos do poder sigam ilesos. Tudo Que É Sagrado É Profanado Disponível Aqui

  • Cracolândia na Maré: a vida e o uso de crack no Rio de Janeiro

    Se levarmos a perspectiva sobre autonomia e dependência em consideração ao olhar para usuários de crack na cracolândia, desenvolveremos uma compreensão mais refinada das causas por trás do chamado “vício incapacitante”. Na cracolândia, a substância em si não é o que causa crime, miséria, pobreza e assim por diante. Se fosse, a “guerra às drogas” teria sido mais eficaz, pois se propõe erradicar as substâncias por meio de intimidação de usuários e traficantes. Impossibilitar ou dificultar o acesso às drogas não resolve o problema de falta de moradia, baixa autoestima, escassez de opções profissionais, falta de acesso à educação enriquecedora e até a uma dieta saudável. A causa por trás da dependência ao crack é, no entanto, o fracasso da sociedade em fornecer um leque mais amplo de oportunidades. Em outras palavras, o problema é a nossa incapacidade de oferecer opções para essas pessoas, e a chance de poder escolher e poder contar com o que é oferecido. Texto: Hannah Vasconcellos e Mirna Wabi-Sabi Fotos: Fábio Teixeira Leia aqui: Agência Pública Midia Ninja LavraPalavra

  • A tragédia do Museu Nacional começou muito antes do incêndio

    O país inteiro ficou perplexo ao ver o Museu Nacional literalmente em chamas, como se fosse nossa vez de sermos destruídos pelos alienígenas do “Independence Day”. Quando acabou, oscilamos entre emoções de raiva e tristeza, lamentando a perda de objetos insubstituíveis e 200 anos de trabalho de muitas pessoas no incêndio. Fomos descuidados com nossa história material e irresponsáveis com a preservação de nossa memória desde sempre que este museu existe, por que estamos chateados agora? Nossa indignação com o incêndio no Museu Nacional parece vir da vergonha de ter falhado em alcançar um padrão europeu de possuir História. Escrito por Mirna Wabi-Sabi Leia no Jornalistas Livres

  • Arquivos da Plataforma9

    [Artigos arquivados da Plataforma9] Justiça e jornalismo nas Américas Buala (Portugal) Aprendendo a se mobilizar em tempos de repressão, crises climáticas e guerras A Inimiga da Rainha Uma história de deslocamento das mulheres não-brancas da Vila Mimosa LavraPalavra Comida e abrigo A Terra é Redonda Mirna Wabi-Sabi, fundadora da Plataforma9, nas plataformas: A Inimiga da Rainha Agência de notícias das favelas Agência de notícias anarquistas

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